2 Rs 5.1; Rm 2.11
Permita-me apresentar-lhes Naamã:
“E NAAMÃ, capitão do exército do rei da Síria, era um grande homem diante do seu senhor, e de muito respeito; porque por ele o SENHOR dera livramento aos sírios; e era este homem herói valoroso, porém leproso.” 2Rs 5.1
Capitão, chefe, comandante ou como queiram designá-lo. Iniciou sua carreira militar num país emergente de conflitos constantes, e alcançou êxito quando lemos “capitão do exército”. Estudou nas mais renomadas escolas (costume dos povos antigos), aos pés de conceituados professores (uma vez que muitos eram separados para estudar nas escolas reais – Dn 1.3-5). Formou-se soldado e cresceu na escala hierárquica militar de seu país. Foi oficialmente reconhecido pelo rei e pelo povo quando lemos “de muito respeito”. Criou estratégias militares, preparou um forte exército, conquistou fama, combateu e venceu reis, povos e nações quando lemos “por ele o Senhor dera livramento aos sírios”. Retornou ao seu país como herói aclamado quando lemos “era este homem herói valoroso”, ganhou honrosas medalhas condecorativas. Em sua carreira militar conquistou fama, dinheiro, casamento, casas, servos e servas (versículos 2, 9 e 13). Remonta ainda em seu curriculum a vitória sobre Israel. Naamã ainda fora citado no discurso de Cristo em Lucas 4.27.
Permita-me adicionar uma vírgula:
“Naamã era capitão do exército do rei da Síria e um grande homem diante do seu senhor. Todos o respeitavam muito. O Senhor deu livramento ao sírios através dele. Herói de guerra e reconhecido entre os seus “vírgula” mais era leproso”.
O que significa uma vírgula? Você já deve ter ouvido alguma frase como esta: “Honesto vírgula!”. A virgula nos serve mais que uma pontuação, nos serve como um momento de pausa e reflexão. Imaginemos uma cidade, um aeroporto, um chefe de estado e uma grande comitiva aguardando o oficial maior do exército do país vizinho. Chega em Israel Naamã e sua comitiva, com cartas oficiais do rei da Síria um dos mais perigosos países inimigos de Israel durante muito tempo (1 Rs 20.1; 22.3; 2 Rs 6.8,24).
Sabemos quem é Naamã, lemos seu curriculum, ouvimos sua fama e percebemos onde o homem pode chegar. Contudo, havia uma “virgula” em sua história que o deixava igual a todos os homens. Ele era “leproso”!
Não que todos os homens de sua época o fosse, porém, mostra-nos que depois da vírgula somos iguais. Somos frágeis, sujeitos a enfermidades, paixões, guerras e pelejas internas. Nada diferenciava Naamã dos demais que o assistiam depois da vírgula, exceto seu curriculum que, na hora da precisão de nada adiantava. Todos depois da vírgula são exatamente iguais uns aos outros: “pó, cinza e barro”. (Jó 10.9; 30.19; Sl 103.14)
Permita-me continuar a sentença:
O que a vírgula nos mostra, de fato, é que o êxito na sua carreira militar, profissional, empresarial ou qualquer que seja é boa. Só não será suficiente depois da virgula, quando somos igualados ao mesmo nível: pó, cinza e barro. Somos pó por formação, barro por criação e cinza por tempo existencial. Passamos rápido como o vapor (Tg 4.14) e como a flor do campo (Sl 103.5). Portanto, medite em sua vida! Veja a comparação de Cristo entre duas casas, uma de um justo e outra de um ímpio. Ambos eram iguais nas tempestades, chuvas, ventos e rios. O que diferenciava um do outro não era seu curriculum mais seu alicerce.(Mt 7, especialmente os versículos 24-29)
Permita-me tirar-lhe as condecorações:
Por alguns instantes lembre-se de quem você era. Lembre-se onde nasceu e quem te educou. Como foram teus dias de infância, adolescência e juventude. Sua escola primária, secundária, faculdade e cursos posteriores. Lembre-se das “servas(os)” que Deus colocou em seu caminho como fizera à Naamã para lhe direcionar os passos.
Agora reflita em sua vida hoje. Resta perguntar-lhe: Suas condecorações tem lhe deixado diferente dos outros? Se você respondeu que sim, respondeu bem, contudo, lembre-se que todos temos uma virgula, e esta retira de nossas vidas todos os prêmios, êxitos, conquistas, ganhos, riquezas, e por aí vai. Ela é como um divisor de águas que deixa do outro lado da margem a pessoa que pensamos ser e nos revela exatamente quem somos.
Permita-me aproximar-lhe de Deus:
Se nossa vasta posição social, nosso conhecimento científico, nosso êxito profissional ou ainda a fama alcançada com os anos nos servem como armaduras e insígnias, não conseguiremos resolver os problemas pós-vírgula se não nos despirmos do eu, tirar a armadura de forma literal, rasgá-la e deixar as medalhas ao pés do Senhor reconhecendo que no Jordão de Deus há cura. (2 Co 10.13; 11.18,30; 12.1,5,8,9,11)
“Chegai-vos” (Tg 4.8) diz o Senhor. E por mais que pareça fácil esta aproximação ela só ocorre quando nos despimos do velho homem (Ef 4.22; Cl 3.9), quando reconhecermos a vírgula Divina em nossa vida e quando deixarmos de lado nossas armaduras.
Permita-me deixar-lhe junto a Deus:
De fato reconhecemos a enorme dificuldade em deixarmos nossas condecorações, afinal, são minhas, eu as ganhei. É difícil um artista famoso abandonar os aplausos e flash’s, ou um brilhante executivo deixar tudo por Jesus. É difícil um gênio da ciência reconhecer o poder das Mãos do Todo-Poderoso ou um grande Chefe de Estado reconhecer que o “poder pertence a Deus” (Sl 62.11; 1Pe 4.11).
Mais eu lhe desafio a tentar, ao menos por alguns momentos, a abandonar sua posição, descer do palco, deixar vaga sua cadeira de chefe, governador ou mesmo presidente, e despindo-se destas condecorações humanas chegar ao pés do Senhor. Você experimentará algo singular e não existe palavra, frase ou sentença capaz de explicar tal experiência. Tente! Chegue a Deus hoje, e ele se chegará a vós.
Somos todos iguais depois da vírgula! (Rm 2.11; 1Pe 1.17).
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